O Natal evoca a vinda do Filho de Deus ao mundo, as canções, as peças teatrais, a pregação religiosa, tudo aponta para esta presença inaudita. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14).

Juarez Marcondes

Pastoral 22/12/2024

jmf-307
por Rev. Juarez Marcondes Filho

O Filho de Deus

Nos falou pelo Filho” (Hebreus 1.2)

Quem está revestido de autoridade se vale de variados porta-vozes para emitir pareceres; no entanto, se lhe aprouver conferir maior relevância a determinado interlocutor, certamente escalará um porta-voz de maior dignidade.

A Epístola aos Hebreus abre com a apresentação do Filho de Deus como o porta-voz supremo da Palavra de Deus; em outros tempos, Deus enviou diversos profetas (Hebreus 1.1), mas na plenitude dos tempos (Gálatas 4.4), a missão foi conferida ao Filho eterno. Pelos lábios dos profetas, o Filho já se pronunciava, mas ouvir de sua própria boca a vontade do Senhor nos constitui em interlocutores privilegiados.

O Natal evoca a vinda do Filho de Deus ao mundo, as canções, as peças teatrais, a pregação religiosa, tudo aponta para esta presença inaudita. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14).

Este seu gesto magnânimo de vir tabernacular entre nós sugere um nome singular - "Emanuel, que quer dizer “Deus conosco” (Isaías 7.14; Mateus 1.23). Mas o Natal também nos confere a oportunidade de conhecer mais profundamente o Filho de Deus, sua pessoa e obra, seus feitos e seu próprio Ser divinal.

Quem, afinal, é o Filho de Deus? É quem "fez o universo" (Hebreus 1.2). Na introdução do Evangelho de João, lemos que “sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1.3). Sua participação na obra da Criação foi decisiva.

Não o conhecemos primeiramente como Salvador e, sim, como Criador, e como tal justifica-se seu empenho redentor da obra que é sua. Conhecer o Filho de Deus como Criador de tudo é imprescindível para a soteriologia bíblica; a doutrina da salvação está calcada na Criação.

Por força de consequência, o Filho foi constituído em herdeiro de todas as coisas (Hebreus 1.2). O herdeiro dispõe da herança como bem lhe aprouver; sendo sábio e prudente, multiplicará os recursos disponíveis, aumentando em muito seu capital. “Eu lhe darei muitos como a sua parte” (Isaías 53.12), uma figura extraída do rescaldo das batalhas, onde o vitorioso arrebata os despojos para si.

O Filho é “resplendor da glória” (Hebreus 1.3). A expressão glória sempre vem acompanhada de termos luminosos, porque ela não é opaca, mas cheia de luz, resplandecente. A glória divina é vista na pessoa do Filho. Auguramos ver a Deus, ver a sua glória; basta-nos olhar para o Filho. A Filipe, o Filho de Deus declarou: “quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.9).

O Filho é, também, “a expressão exata do ser divino” (Hebreus 1.3). Trata-se de uma extensão do pensamento anterior, desta feita, apresentando-o como o revelador de Deus. Deus é espírito, invisível; então, como podemos conhecê-lo? Resposta: por meio do Filho, que detém a imagem exata de Deus. Não existe nenhuma discrepância entre Deus e o Filho de Deus. Aquele que foi gerado eternamente como Filho revela plenamente quem é Deus.

Ainda, vemos que o Filho exerce o ministério da providência, pois sobre ele recai o dever de “sustentar todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hebreus 1.3). As coisas não se movem ao acaso, há uma mão divina que soberanamente rege a tudo e a todos, seu poder é inesgotável, capaz de prover tudo o que se faz necessário.

O Filho ainda é o perfeito executor da obra da redenção, a qual cumpriu cabalmente por seu sacrifício, que nos confere a purificação dos pecados (Hebreus 1.3). Foi penoso o trabalho, o investimento de sua alma sugou-lhe inteiramente as forças, mas o resultado o fez absolutamente satisfeito (Isaías 53.11).

Por fim, o Filho é quem se acha devidamente entronizado, “à direita da Majestade” (Hebreus 1.3-4), de onde rege soberanamente todas as coisas, para a honra e glória do nome do Senhor.