“Pois, quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo”

I Coríntios 2.16

Pastoral 18/05/2025

jmf-307
por Rev. Juarez Marcondes Filho

Mente de Cristo

“Pois, quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo” (I Coríntios 2.16).

Para ver o Reino de Deus, seus princípios e valores, é imprescindível nascer de novo. O novo nascimento, a regeneração, é essencial para se ter a perspectiva do Senhorio de Cristo sobre nossa vida e o mundo todo. Anova criatura detém a semente do Espírito, garantia de todo o desenvolvimento espiritual necessário até a maturidade nas coisas de Deus, até chegar a ser varão perfeito (Efésios 4.13).

Quem nasceu de novo, nasceu do Espírito Santo, tem o Espírito morando em seu coração, e adicionalmente foi contemplado com a mente de Cristo, ou seja, tem seu pensamento dirigido pela perspectiva do Salvador. Seu exercício permanente é “levar cativo todo o pensamento à obediência de Cristo” (II Coríntios 10.5). O crente sempre se acha indagando a respeito da vontade de Deus, à qual ele deve se curvar.

Ter a mente de Cristo implica em conhecer o que Cristo pensa a respeito de todas as coisas, sejam elas mais particulares ou mesmo gerais, estejam dentro de uma perspectiva mais imediata ou mais distante, tenham a ver com realidades eminentemente espirituais ou aquelas tidas como mais seculares e que, no entanto, também tem sua dimensão espiritual. Em tudo deve se questionar acerca do que Jesus pensa a respeito.

O pensamento de Cristo é diferente do pensamento humano. “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos” (II Coríntios 55.8). O Filho de Deus assumiu a natureza humana em função de seu projeto salvífico; era mister que ele se apresentasse na condição humana para ser imolado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nada obstante, sua mente era absolutamente dirigida por sua comunhão com o Pai.

Ao afirmar que dispomos da mente de Cristo como novas criaturas, estamos assumindo que nosso pensamento não é mais condicionado aos interesses terre- ais, mas completamente orientado pela vontade soberana do Senhor. Certamente, uma luta interior se estabelece, no entanto, há de prevalecer o propósito divino, o supremo desígnio do Senhor para conosco.

O pensamento de Cristo é mais elevado que o pensamento humano. “Os meus pensamentos são mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55.9). A elevação em questão não é avaliada pelo uso de algum sistema métrico definido, tem a ver com a dimensão espiritual. “Não vos pude falar como a espirituais e sim como a carnais (I Coríntios 3.1). Carecemos da perspectiva espiritual para acompanhar o pensamento elevado de Cristo.

Somos solenemente convidados a exercitar a perspectiva espiritual, redimensionando nossa mente para os valores de Cristo. “Pensai nas coisas lá do alto” (Colossenses 3.2).

Em seu debate com judeus, Jesus evocou o testemunho do Patriarca Abraão, referindo-se ao fato de que ele “alegrou-se em ver” a vinda de Cristo (João 8.56); a indignação por parte dos ouvintes foi notória, afinal, o Patriarca vivera 2000 anos antes de Jesus. O que eles desconheciam é que Abraão tinha a mente de Cristo.

O pensamento de Cristo, diferente do comum, mais elevado do que a mentalidade humana, mesmo assim, ainda, é marcada pela humildade. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2.5). Depois, de compreendermos a qualidade da mente de Cristo e receber o desafio de seguir tal pensamento, poderíamos ser conduzidos ao engano da soberba, da arrogância e da pretensão. No entanto, o contrário é o que se dá.

Cristo se apresentou em absoluto despojamento, sendo Deus, revestiu-se de nossa precária humanidade; encontrado como homem, foi reconhecido como um servo, servo sofredor, culminando sua existência em morte de cruz, aquela que é aplicada aos criminosos condenados (Filipenses 2.6-8). Cristo revestiu-se de perfeita humildade e desafia aos que detém sua mente a assumirem a mesma postura.

É nesta condição que aprimoramos a visão do Reino de Deus. Tomados pela humildade modesta e simples do Salvador ampliamos nosso horizonte espiritual. Renunciando ao mero reconhecimento dos homens, somos reconhecidos pelo Senhor como integrados em seu propósito eternal.