"Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”

I João 1.9

Pastoral 20/04/2025

jmf-307
por Rev. Juarez Marcondes Filho

Permanente Purificação

 

“Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1.9).

O pecado demanda a ação perdoadora da parte de Deus e, também, a necessária purificação. Ao deparar-se com a manifesta glória divina, o Profeta Isaías, assombrado, só pode reconhecer sua terrível pecaminosidade, declarando “ai de mim”, acrescentando a consciência de que era detentor de lábios impuros, habitando no meio de um povo de impuros lábios (Isaías 6.5). Esta é igualmente nossa triste condição, ao longo de todos os séculos

À impureza dos lábios corresponde a fonte de tal impureza que é o coração, afinal, o coração cheio de impureza extravasa por meio da fala, do discurso, dos temas de que trata, por meio dos lábios, por meio da boca (Mateus 12.34). O pecado, antes de um ato realizado, é uma natureza instalada no coração humano, resultando em frutos deletérios; geralmente, a Escritura ao utilizar o plural, ou seja, pecados, refere-se aos frutos do pecado, enquanto, ao utilizar o singular, ou seja, pecado, faz alusão à natureza pecaminosa, raiz de todos os males.

A experiência de Isaías é notável, tão logo se deu conta da impureza de seus lábios e de seu coração, foi acudido pela assistência do serafim, que deixou o coro angelical, aproximou-se do altar para, com uma tenaz, retirar uma brasa viva, a fim de aplicá-la aos lábios do servo de Deus.

Ato contínuo, o ser angelical declarou que, ao toque da brasa nos lábios do Profeta, a iniquidade foi tirada e o pecado perdoado (Isaías 6.7). Eis que o servo de Deus surge purificado diante da presença do glorioso Deus, a fim de desfrutar sua santa comunhão.

As figuras bíblicas são muito ricas consoante aos atos redentores de Cristo; a água batismal prefigura a lavagem espiritual, o fogo ardente da brasa viva, da mesma sorte, tem o condão de apontar para a purificação. Porém, somente o sangue de Cristo é capaz de garantir a purificação dos pecados. O toque sobre os lábios de Isaías é simplesmente a figura da maravilhosa provisão da graça de Deus para nossa redenção.

Ao rememorar os sofridos passos de Cristo rumo ao Calvário, culminando com sua morte, deparamo-nos com os motivos que o levaram a este espinhoso caminho, os nossos pecados. “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fossemos feitos justiça de Deus” (II Coríntios 5.21). “Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades” (Isaías 53.5). O perdão e a purificação se acham assegurados pelo papel substitutivo que Cristo assumiu por nós.

O ato redentor de Cristo é único e irrepetível, não se faz necessário que ele novamente tenha que realizar a obra redentora; nenhum ato pretensamente adicional ao que Cristo cumpriu há de acrescentar qualquer benefício à nossa salvação.

O autor aos Hebreus ressalta que “Cristo, ofereceu-se uma vez para sempre para tirar os pecados do mundo” (Hebreus 9.28). Definitivamente, o sacrifício de Deus é absolutamente suficiente.

Já, a aplicação dos benefícios conquistados pelo Filho de Deus é contínua e recorrente. Cristo realizou cabalmente nossa redenção, enquanto o Espírito Santo aplica o perdão e a purificação constantemente aos nossos corações. É ele mesmo que nos leva à consciência de nossa pecaminosidade (João 16.8), ao mesmo passo em que nos conduz à certeza da eficácia da obra de Cristo, fazendo-nos lembrar de todas as suas amorosas palavras (João 14.26).

No Culto a Deus, reservamos um período para o ato de contrição; tal momento se reveste de profunda sublimidade, onde somos advertidos de nossa necessidade de permanente purificação. A confissão de pecados assegura uma bem-aventurança maravilhosa, desde que venha acompanhada do desejo sincero de deixar o pecado (Provérbios 28.13).

A contrição não se acha restrita à liturgia do Culto, ela precisa ser estendida à totalidade da vida. O cristão deve manter- se em permanente contrição. É preciso estar atento ao agir e ao pensar, ao falar e ao conviver, sendo constantemente alertados de que se pecarmos, temos a garantia de que o sangue de Cristo nos purifica inteiramente, realizando sua obra perdoadora.