Pastoral da Semana

a Palavra de Deus é vista como perfeita, fiel, correta, pura, cristalina, verdadeira.

Pastoral 26/03/2023

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por Rev. Juarez Marcondes Filho

O MEDITAR DO CORAÇÃO

“As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, Rocha minha e redentor meu” (Salmo 19.14). 

O Salmo 19 é notável, nele Davi trata da Palavra de Deus em toda a sua beleza e profundidade; primeiramente a apresenta como observada em tudo o que Deus fez, em toda a obra da Criação, afinal, “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” (v. 1). Um vislumbre em redor e já temos a mensagem divina. 

Quem nunca leu um versículo sequer da Bíblia Sagrada não pode afirmar que não teve contato com a Palavra de Deus, pois, basta atentar para a natureza e deparar-se com o Altíssimo falando ao coração. Trata-se uma linguagem distinta, mas, de fato, “um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite” (v. 2), um sermão ao ar livre. 

Acostumados a regras da filologia, custa-nos compreender este modo inusitado de comunicar, mas o fato é que mesmo sem “linguagem, nem palavras, nem som algum, por toda a terra se faz ouvir a voz de Deus” (v. 3-4). 

Este maneira especial do falar divino acha-se a disposição de todo o ser humano e lhe concede pistas muito claras acerca da grandeza de Deus e de sua imensa graça. 

A partir do versículo 6, o salmista alterna a apresentação da Palavra de Deus para o modo escrito, e passa a tecer elogios à Lei do Senhor. Valendo-se de termos sinônimos, a Palavra de Deus é vista como perfeita, fiel, correta, pura, cristalina, verdadeira, tendo como propósito restaurar, conferir sabedoria, alegrar o coração, iluminar a mente e muito mais (v. 7-9). 

Por isso, devemos desejá-la mais do que a tesouros materiais e apreciá-la mais que o saboroso mel (v. 10); ela nos será útil para corrigir os passos, trazendo-nos à senda da verdade (v. 11-13). A pergunta que resta fazer é: de que maneira devemos abordá-la para tirar o melhor proveito? A resposta é simples: por meio da meditação. Na conclusão do Salmo deparamo-nos com uma singela oração, que evoca o ministério da meditação. 

Como já tivemos oportunidade de registrar, meditação é o corolário de um exercício espiritual de abordagem da Palavra de Deus. Ao ouvir um pregador, certamente estamos tomando contato com a Palavra, por meio da exposição bíblica empreendida pelo mesmo; se tomarmos a mesma passagem usada pelo pregador em seu sermão e formos lê-la novamente e passarmos a um estudo mais aprofundado do texto, acabaremos chegando à tão requerida meditação. 

Já se disse que a meditação é como um ruminar, no qual mente e coração ficam o tempo todo refletindo acerca das verdades contidas nas Escrituras. O versículo lido e estudado no alvorecer de uma manhã, retornará à mente no correr do dia, fazendo-nos internalizar a Palavra de em nossos corações, de tal modo que a mensagem das Escrituras passará a fazer parte de nós. 

Ouvir o sermão dominical traz muito benefício ao crente, no sentido de lhe comunicar a verdade bíblica, consolar o coração, animar sua fé, mas é na meditação cotidiana que os efeitos da Palavra se aprofundam na alma do servo de Deus. Dar-se por satisfeito com a exposição bíblica feita pelo Ministro é fazer meditação de segunda mão; certamente, o Pastor meditou nas Escrituras para preparar seu sermão (pelo menos é o que se espera); mas ele não pode transferir a seus ouvintes o mesmo privilégio que teve se cada um não se dispuser ao seu próprio exercício de meditação. 

O meditar não prescinde da leitura e reflexão, carece das ferramentas disponíveis para o estudo das Escrituras, mas ele se consubstancia quando penetra a alma, quando vai ao âmago do ser, quando se torna efetivamente o meditar do coração. Exercitemos com vigor a esta tão preciosa disciplina espiritual, cujos benefícios são inigualáveis.