Examinai as Escrituras, por que julgais ter nelas a vida eterna"
Pastoral 07/08/2022

ATENTOS À PALAVRA
"Ouve, Israel" (Deuteronômio 6.4). "Shemá" é o verbo "ouvir" em hebraico; ganhou a conotação de uma chamada para a oitiva da Palavra de Deus, de tal sorte que, uma vez pronunciada, todo o israelita se postava em atitude de extrema atenção, porque era a voz de Deus que seria pronunciada.
Inúmeras vezes esta convocação a ouvir a Palavra do Senhor é apresentada nas Escrituras, especialmente Deuteronômio 6 se tornou conhecido com o "Shemá", ou pelo menos o principal "Shemá".
Neste contexto, somos apresentados a um rudimentar instrumento musical, feito de chifre de carneiro, que servia de trombeta, e é conhecido como "shofar". Ao ser soprado, um som forte e continuado ecoava nas montanhas, conclamando o povo de Deus a prestar atenção na Palavra do Senhor.
Hoje, com tecnologia moderna, o "shofar" pode ser dispensado, apesar de que em algumas comunidades ele seja usado como um memorial dos primórdios da jornada do povo de Deus. O que não pode ser dispensado é o dever de emprestar toda a atenção a mensagem da Palavra divina.
Infelizmente, damos mais atenção aos noticiosos do dia do que à eterna Palavra do Senhor; paramos nossa rotina para ouvir um boletim extraordinário a respeito de um assunto político ou econômico, mas não cessamos nossos afazeres quando o "shofar" da alma nos convoca para receber a instrução bíblica.
O Profeta Isaías, que viveu 700 anos antes de Cristo, declarou, como boca de Deus: "Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares" (Isaías 53.2a).
O leitor desatento pode imaginar que o que se acha em pauta é um requintado banquete da culinária internacional. No entanto, a parte inicial do versículo indaga: "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?" (Isaías 55.2a).
A mensagem de advertência em linguagem direta é: nos afadigamos para atender nossa agenda carnal, mundana, secular, olvidando os valores do Reino de Deus; gastamos nossa energia para acudir aos apetites do presente século, e não desfrutamos das delícias celestiais.
Na medida em que valorizamos o ensino de Deus, alimentamos nossa alma com o manjar espiritual, nos deleitando com o que satisfaz o homem interior (II Coríntios 4.16). A instrução divina preenche todos os nossos vazios, tornando-nos nédios no saber e no discernir, robustos na fé e no amor, vigorosos na graça e na bondade, fortes no serviço e na proclamação.
Este "Shemá" de Isaías põe às claras nossa debilidade espiritual, uma vez que temos optado por erigir uma cultura materialista, com viés amplamente consumista. Somos seduzidos o tempo todo a investir nossa atenção nas roupas de grife, nos carros de marca, nos imóveis de luxo, enquanto nossa alma permanece raquítica e nosso ânimo interior se revela completamente debilitado.
A Palavra de Deus é pão espiritual, é alimento para o coração, é saúde para a vida. Cristo declarou: "Examinai as Escrituras, por que julgais ter nelas a vida eterna" (João 5.39). Na sede de ver aumentado nosso patrimônio pessoal, alimentamos mente e coração com manuais que instruem a maneira de melhor aplicar nossos recursos econômico-financeiros; no entanto, para a vida eterna, tais manuais não se prestam para nada.
Ao mesmo tempo em que fixamos nosso olhar para Cristo, abrimos nosso ouvido para sua voz de consolação e motivação, de advertência e orientação, de paz e segurança.
O "shofar" regularmente é executado, convocando-nos a ouvir o que o Senhor tem para nos dizer. Faz-se necessário limpar toda a sujidade que eventualmente esteja impedindo-nos de ouvir a chamada do Senhor. Ao toque da trombeta, abramos o coração para receber a Palavra da vida eterna.